sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Sobre às dúvidas de sermos nós


Você que sonha em ser o pastiche do homem branco e de religião, a tua etnia, a tua cultura pusilânime te condena.

Os caras têm mostrado que não ligam em usar a chibata, a maioria deles já foi condenado por trabalho escravo e você, ainda, aí, está em dúvidas que sua chegada a universidade foi fruto de seu incrível esforço pessoal.

Você, infeliz, cansado e se sentindo um merda como amante porque goza rápido e sem graça à vida.

Tá fudido, engarrafamento, comida cara, porta de banco que te aborta, samba que atravessa no cansaço, negão da vida que caiu na lógica capitalista, vai ficar se cobrando sobre um mundo de ilusões.

Eu fico aqui rindo e feliz. Sou de épocas passadas, acostumado com crises, tenho casca e já vi o maldito PMDB fazer muitas mazelas neste país.

Pior né, toda está vontade de sair do mundo, de ficar fora da realidade, te coloca neste mundo que está há um passo do final de semana. Fuga, o que você quer é uma fuga, uma injeção lisérgica domundo.

Você não consegue entender o debate sobre racismo, cotas, viado e sapatão, você só fala e apoia os negões que apoiam o temerário e a sua louvação a religião. Herois de cristo que fazem jogadas milhonárias no tapetão. Música chata com gente sem graça cantando em coro. Voz uniformizada.

Tudo é pecado, quando alguém deixa a timidez e fala que religião é ilusão. Não só às judaico-cristãs, mas, também, as bantos, iorubas, quetos e xamas.

Legal, sexta-feira, idiotizamos todos e quando não se pode mais falar da roupa, da vida íntima dos outros, do celular novo ou de qualquer outra ocasião; amarra-se na babaquice de falar que tudo é culpa do PT.

Mané, você não consegue resolver teus problemas. E a questão não é resolver teus problemas individuais não, porque a maioria das questões são coletivas.

Os gregos falavam algo como encontrar a felicidade em terra, na pólis, porque não se sabe o que vem depois.

Não consegue ver que você é preto, nordestino, sertanejo, pobre e favelado, já que a lógica suburbana atropelou as boates, bares e cabarés das cidades pelo Brasil a fora. É você que dá dinheiro para a sofrência, para o vai novinha, para um monte de baboseiras chatas de escutar; mas você quer encontrar o problema em outro negrão. Pior, culpa o povo e sem noção se retira da vida pública e se coloca na posição soberba de ter as soluções cheias de eugenia para o Brasil.

Não falas das questões ligadas a distribuição ou acumulação de terra, a desconstrução deste welfare states varguista, desta falta de liberalismo clássicos em meio ao medievalismo que nós metemos.

Teimo que se for para cair, fico de pé como um um sujeito da baixada com o melhor do funk-electro cheio de samplers e sintetizadores e uma inocente levada de break e hip hop do Lote e XV, Paratodos da Pavuna, Signos e Giros e as centenas de quadras da Baixada Fluminense. Tudo com uma pegada de Bebeto, Tim Maia e desbunde do rock anos oitenta.

Os sem-terra, o sem-teto, a mulher pobre e negra, o pretinho que está pronto para levar o teu celular, tem te transformado neste sujeito descontente e frio com o mundo e tem te condenado a acreditar no poder do homem branco e religioso. Você sustenta à nação. Se não, você quer. Você quer mesmo cair na pieguice do romantismo pequeno burguês, lupem, porque ser babaca é o que importa.

Fica ligado, que os deputados negros são como capitães do mato. E os deputados brancos são empregados dos bancos, dos donos de terra e dos comerciantes que contratam os capitães do mato.

Você sabia que um dos homens mais ricos do mundo era negro?

Xaxá, um baiano ou sujeito do mundo, escravocrata e explorador como os deputados, vereadores e políticos daqui.

Muitos e muitos líderes religiosos fazem lavagem do dinheiro do tráfico em seus dízimos, ofertas e doações. Descem os morros, cruzam as favelas as Kombis, vans e carros cheios de dinheiro vivo, com seguranças armados. Precisam apoiar o Temer para ganhar concessões de televisão, rádios, funcionários públicos, privados e fiscais em fronteiras e em batalhões para continuar com seus emprendimentos de abrir estradas (para pouso de aviões), laboratórios (sintetizar às drogas), empregar gentes (em trabalho escravo, muitos fungadores urbanos), empreender sobre a vida de índios e quilombolas em um novo Brasil que tem uma ponte para o futuro dos que sempre dominaram o passado e presente.

O parlamentarismo esconderá nossas raízes e colocará empedernidos os discursos midiáticos, internéticos, e tudo mais que está por ter fim. Ou você imagina que sua conta no google, no facebook, currículo no linkind, e um monte de postagem boba te fará ter um futuro em meio a este processo de degradação?

Serás mais feliz se te mantiveres em pé, cabeça erguida, louco, humano, gente.

Abandona teu sangue de barata.

Cospe teu amargo da garganta.

Fala com quem gosta, olho no olho.

Simplifica a vida e sabota a armadilha.

Sejas homem. Na existência divina de vir como sujeito histórico, não como gênero, mas como alguém, indí, Kawahiva, Guarani, Oyo, èdè, asiático, sujeito histórico que luta por seu coração.

Permitirá, nossa insensatez e fraqueza, que este país condene há mais duzentos anos sua gente?

Lá em Star Wars, seremos nós, negros, índios, florestas e latinos irreverentes, cômicos e semi-pacíficos, falando de uma quase revolução.

Entrega-te a estes caras e verás que o bandido que te espreita à esquina te feres menos que o sujeito que te rouba a esperança e as possíveis doces ilusões.

Avatar de quem somos hoje para vivermos no medo.

Quem armou o bandido que queres matar foi o bandido político que sonhas em ter como amigo.

Quem matou teu pai, filho, tia, irmão e amigo foram estes caras que roubaram o dinheiro da saúde, da educação, da assistência, dos contratos, das merendas, das obras, das passagens de ônibus; mas estes vocês não são justiceiros suficientes para quererem matá-los.

Preferes trocar teus arroubos, as suas sãs atitudes por comentários vazios, maliciosos e escondidos como os covardes estupradores coletivos, como os misóginos e misantropos coletivos, e permaneces aí, colocando a culpa e o problema na vida.

Enquanto há vida, há esperança, mesmo naqueles temerosos de viver.

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