Você que sonha em
ser o pastiche do homem branco e de religião, a tua etnia, a tua
cultura pusilânime te condena.
Os caras têm
mostrado que não ligam em usar a chibata, a maioria deles já foi
condenado por trabalho escravo e você, ainda, aí, está em dúvidas
que sua chegada a universidade foi fruto de seu incrível esforço
pessoal.
Você, infeliz,
cansado e se sentindo um merda como amante porque goza rápido e sem
graça à vida.
Tá fudido,
engarrafamento, comida cara, porta de banco que te aborta, samba que
atravessa no cansaço, negão da vida que caiu na lógica
capitalista, vai ficar se cobrando sobre um mundo de ilusões.
Eu fico aqui rindo e
feliz. Sou de épocas passadas, acostumado com crises, tenho casca e já vi o maldito PMDB fazer muitas mazelas neste país.
Pior né, toda está
vontade de sair do mundo, de ficar fora da realidade, te coloca neste
mundo que está há um passo do final de semana. Fuga, o que você
quer é uma fuga, uma injeção lisérgica domundo.
Você não consegue
entender o debate sobre racismo, cotas, viado e sapatão, você só
fala e apoia os negões que apoiam o temerário e a sua louvação a
religião. Herois de cristo que fazem jogadas milhonárias no tapetão. Música chata com gente sem graça cantando em coro. Voz uniformizada.
Tudo é pecado,
quando alguém deixa a timidez e fala que religião é ilusão. Não
só às judaico-cristãs, mas, também, as bantos, iorubas, quetos e
xamas.
Legal, sexta-feira,
idiotizamos todos e quando não se pode mais falar da roupa, da vida
íntima dos outros, do celular novo ou de qualquer outra ocasião;
amarra-se na babaquice de falar que tudo é culpa do PT.
Mané, você não
consegue resolver teus problemas. E a questão não é resolver teus
problemas individuais não, porque a maioria das questões são
coletivas.
Os gregos falavam
algo como encontrar a felicidade em terra, na pólis, porque não se
sabe o que vem depois.
Não consegue ver
que você é preto, nordestino, sertanejo, pobre e favelado, já que
a lógica suburbana atropelou as boates, bares e cabarés das cidades
pelo Brasil a fora. É você que dá dinheiro para a sofrência, para
o vai novinha, para um monte de baboseiras chatas de escutar; mas
você quer encontrar o problema em outro negrão. Pior, culpa o povo e sem noção se retira da vida pública e se coloca na posição soberba de ter as soluções cheias de eugenia para o Brasil.
Não falas das questões ligadas a distribuição ou acumulação de terra, a desconstrução deste welfare states varguista, desta falta de liberalismo clássicos em meio ao medievalismo que nós metemos.
Teimo que se for
para cair, fico de pé como um um sujeito da baixada com o melhor do
funk-electro cheio de samplers e sintetizadores e uma inocente levada
de break e hip hop do Lote e XV, Paratodos da Pavuna, Signos e Giros
e as centenas de quadras da Baixada Fluminense. Tudo com uma pegada
de Bebeto, Tim Maia e desbunde do rock anos oitenta.
Os sem-terra, o
sem-teto, a mulher pobre e negra, o pretinho que está pronto para
levar o teu celular, tem te transformado neste sujeito descontente e
frio com o mundo e tem te condenado a acreditar no poder do homem
branco e religioso. Você sustenta à nação. Se não, você quer.
Você quer mesmo cair na pieguice do romantismo pequeno burguês,
lupem, porque ser babaca é o que importa.
Fica ligado, que os
deputados negros são como capitães do mato. E os deputados brancos
são empregados dos bancos, dos donos de terra e dos comerciantes que
contratam os capitães do mato.
Você sabia que um
dos homens mais ricos do mundo era negro?
Xaxá, um baiano ou
sujeito do mundo, escravocrata e explorador como os deputados,
vereadores e políticos daqui.
Muitos e muitos
líderes religiosos fazem lavagem do dinheiro do tráfico em seus
dízimos, ofertas e doações. Descem os morros, cruzam as favelas as Kombis, vans e carros cheios de dinheiro vivo, com seguranças armados. Precisam apoiar o Temer para ganhar
concessões de televisão, rádios, funcionários públicos, privados
e fiscais em fronteiras e em batalhões para continuar com seus
emprendimentos de abrir estradas (para pouso de aviões),
laboratórios (sintetizar às drogas), empregar gentes (em trabalho
escravo, muitos fungadores urbanos), empreender sobre a vida de índios e quilombolas em um novo
Brasil que tem uma ponte para o futuro dos que sempre dominaram o
passado e presente.
O parlamentarismo
esconderá nossas raízes e colocará empedernidos os discursos
midiáticos, internéticos, e tudo mais que está por ter fim. Ou
você imagina que sua conta no google, no facebook, currículo no
linkind, e um monte de postagem boba te fará ter um futuro em meio
a este processo de degradação?
Serás mais feliz se
te mantiveres em pé, cabeça erguida, louco, humano, gente.
Abandona teu sangue
de barata.
Cospe teu amargo da
garganta.
Fala com quem gosta,
olho no olho.
Simplifica a vida e
sabota a armadilha.
Sejas homem. Na
existência divina de vir como sujeito histórico, não como gênero,
mas como alguém, indí, Kawahiva, Guarani, Oyo, èdè,
asiático, sujeito histórico que luta por seu coração.
Permitirá, nossa
insensatez e fraqueza, que este país condene há mais duzentos anos
sua gente?
Lá em Star Wars,
seremos nós, negros, índios, florestas e latinos irreverentes,
cômicos e semi-pacíficos, falando de uma quase revolução.
Entrega-te a estes
caras e verás que o bandido que te espreita à esquina te feres menos
que o sujeito que te rouba a esperança e as possíveis doces
ilusões.
Avatar de quem somos hoje para vivermos no medo.
Quem armou o bandido
que queres matar foi o bandido político que sonhas em ter como
amigo.
Quem matou teu pai,
filho, tia, irmão e amigo foram estes caras que roubaram o dinheiro
da saúde, da educação, da assistência, dos contratos, das
merendas, das obras, das passagens de ônibus; mas estes vocês não
são justiceiros suficientes para quererem matá-los.
Preferes trocar teus arroubos, as
suas sãs atitudes por comentários vazios, maliciosos e escondidos como os covardes estupradores coletivos, como os
misóginos e misantropos coletivos, e permaneces aí, colocando a culpa
e o problema na vida.
Enquanto há vida,
há esperança, mesmo naqueles temerosos de viver.