Em minhas experiências como professor da disciplina de
Empreendedorismo Social vi e acompanhei muitos projetos bacanas, que, com inteligência
e dedicação, conseguiram transformar a vida de muitas pessoas.
Sempre falo para meus alunos que o Estado não pode ser substituído
por Ongs ou Empresas de interesses privados naquelas funções e ações que são de
interesse coletivo, público, mas que há um espaço de trabalho entre a sociedade
civil e o Estado que deve ser reconfigurado, sem prejuízo da República.
Em muitos dos trabalhos que tive que
avaliar ou fazer algum tipo de consultoria, notei que as ideias simples,
criativas e com compromissos resultavam em impactos mais marcantes que os
projetos mirabolantes, cheio de falas e com objetivos excessivamente
integradores. Em diversas situações conseguia enxergar a perfumaria daquilo que
não iria funcionar e, também, as gratas surpresas que me fazia pensar: “se
tão simples, porque não pensei antes”.
Hoje chamo atenção para um destes projetos. O cara pensou em algo
simples e funcional, um chinelo que cresce.
Fui menino em Belford Roxo e quando garoto corria e pulava para
todos os lados. Descia a barreira em papelão e jogava bola no morrinho. Tomava
topadas a três por quatro e sabia a importância de uma sandália, chinelo no pé.
O pisante tinha que durar anos. E quando não durava ou perdíamos, os
pés sofriam muito. Lembro da minha mãe fazendo curativos nos pedaços de dedos
pendurados, espinhos na sola grossa e rachada dos meus pés e muitas vezes eu andando sem encaixar o solado por inteiro no chão. O mais engraçado é que naquele tempo, mesmo sendo muito pobre,
eu e meus amigos, só não queríamos usar Havaianas e sandálias franciscanas,
porque nos encarnariam de paraíbas. Ali, no Mata Moleque, era a capacidade de ser forte e aguentar as brincadeiras violentas e a chacota pública que forjava nosso espírito de sobrevivência. Eu com minhas raízes nordestinas e
mineiras, mal sabia o quanto hoje orgulharia-me do paraíba-pernambucano-mineiro-carioca
da baixada que há em mim.
Eduardo Prates
Estão aí as sandálias que crescem em tamanho e esperança.
Todo mundo sabe que ser pai é uma bênção, mas que é preciso ter algum dinheiro de parte, já que implica custos elevados com roupas, sapatos, brinquedos e tudo o que uma criança precisa. E, no quesito roupa e sapatos, o problema é ainda maior nos primeiros anos de vida, onde tudo precisa ser trocado com frequência, já que as crianças estão em fase de crescimento e desenvolvimento rápido. Por isso, a organização sem fins lucrativos Because International criou “The Shoe That Grows” (“O Sapato que Cresce”, em português), um calçado que pode ser ajustado para aumentar o tamanho, com o objetivo de ajudar pessoas carentes que não possuem condições de comprar novos sapatos a cada centímetro a mais nos pés.
A ideia surgiu quando o fundador e diretor executivo Kenton Lee estava morando e trabalhando em Nairobi, no
Quênia, em 2007. Um
dia, enquanto caminhava para a igreja, notou que havia uma menina com sapatos pequenos
para seus pés. “Não seria ótimo se houvesse um sapato que fosse possível
ajustar e aumentar?”, pensou ele.
Assim começou o trabalho de criação desse sapato inovador,
que se ajusta e se expande. O calçado foi desenvolvido pela empresa Proof
of Concept Noroeste e vem em dois tamanhos: pequeno ou grande. Por meio de
fechos, os sapatos aumentam até 5 tamanhos acima e duram pelo
menos 5 anos. Assim, crianças carentes não ficarão mais descalças ou com
os pés apertados dentro dos calçados.
http://www.hypeness.com.br/2015/04/homem-cria-sapatos-que-crescem-ate-5-tamanhos/
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