Duvido existir lição melhor do que aquelas recebidas
nas conversas entre amigos. Sou um grande apreciador da prosa mole que ganha os
fins de tarde com os professores da vida. Outro dia conversando com alguns
amigos, na sua maioria, beirando os sessenta anos, pude notar uma indignação
comum a todos eles; uma espécie de pergunta titilante que fica no ar: quem paga
a conta daquilo que não aconteceu no país? Quem se responsabiliza pelos projetos
inacabados ou abandonados? A quem deve ser entregue a conta das históricas
mazelas que estão afligindo o país?
Em um almoço bastante informal, entre uma aula
e outra, tive a seguinte declaração de um amigo professor engenheiro
industrial:

Quem se
responsabiliza por todo o investimento feito e que foi abandonado?
O que
houve com os recursos que estavam
disponíveis para cada programa e projeto?”
O meu amigo então saltava estas perguntas no
ar e eu percebia que havia mais que uma melancolia, o que ele desejava era que
alguém se responsabilizasse por tudo que foi abandonado. Por todo o dinheiro
perdido. Por tudo que poderia ter realizado para desenvolver o país.
Após alguns dias, eu via se repetirem as
perguntas. Em um fim de tarde, conversando com outros dois amigos professores,
que já estão no magistério a mais de quarenta anos, surgiu uma questão sobre os
problemas atuais do ensino. E, de pronto, a questão estava ali outra vez: a
quem devemos responsabilizar pelo caos e falência da educação?
“Como um
dos melhores modelos de educação dos anos 50 e 60 se transformou em um dos
piores do mundo?”

Quem pagará a conta de uma sociedade que não
tem mão de obra qualificada? Como empregar analfabetos funcionais para manusear
máquinas e equipamentos com instruções em língua estrangeira?
Neste momento de crescimento econômico em que
chegamos à sexta economia do mundo e que atraímos grandes investimentos
estrangeiros é inexplicável e inaceitável que o país tenha um sistema de
educação falido, com professores mal pagos e insatisfeitos e com alunos desestimulados
e sem uma percepção clara de qual lugar irão ocupar em uma economia
globalizada.
Para muitos governos ainda impera a histórica
ideia de que educação não dá voto e, portanto, deve ficar em segundo plano para
outras questões que são mais urgentes e populares.
Os casos se multiplicam e estes exemplos de
questionamentos das gerações que foram prejudicadas pelas decisões de
técnico-burocratas e políticos sem caráter público que, em nome de medidas
emergenciais ou da busca por “ações que dão voto”, abandonaram os programas necessários
a continuidades de projetos em nível municipal, estadual e federal.
Quem garantirá o emprego de quem não tem
formação?
Como formar novas gerações de professores?
Onde está o dinheiro que foi desviado, roubado
e não empregado na educação?
Porque devemos acreditar que no futuro será
diferente com tantos escândalos na televisão?
Eduardo Prates
Sobre o PIB:
Sobre Educação:
Escândalos de corrupção: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_esc%C3%A2ndalos_pol%C3%ADticos_no_Brasil
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