quinta-feira, 18 de maio de 2017

Você que pode ir as ruas, lutar por Diretas Já!



Você que teve orgulho de falar que votou no Aécio; 
Você que colocou camisa do Brasil e defendeu o Cunha e o Temer;
Você que se afeiçoou pelo patinho amarelo da FIESP;
Você que acreditou que a corrupção foi uma invenção da esquerda;
Você que admirava o Eike Batista, comprou livro de auto ajuda do malandro, e foi contra os manifestantes e black blocs que lutaram contra o Sérgio Cabral e todo o esquema de corrupção da Copa do Mundo e das Olimpíadas;
Você que ainda tem dúvida da Privataria Tucana que vendeu e doou empresas estatais a preço de banana, como a Cia. Vale do Rio Doce;
Você que não quer enxergar a delação da Siemes ao Ministério Público e nem imagina como o PSDB, o Juiz Sérgio Moro estão entrelaçados nos escandalosos $ 134 Bilhões de Dólares (quase meio trilhão de reais) que foram enviados ao exterior;
Você que não quis entender o que foi o PROER e os mais de R$ 110 bilhões que foram usados para salvar os bancos no período FHC;  
Você que é a favor do fim do Bolsa Família e da Farmácia Popular porque são programas que atendem gente pobre e preguiçosa que só quer fazer filho e não quer trabalhar, não consegue ver a anistia que o CARF fez ao Banco Itaú de mais de R$ 25 bilhões e aos outros bancos.
Você que chamou a Dilma de Puta quando o Sergio Moro liberou as conversas telefônicas dela com o Lula e não se manifestou quanto aos áudios do Jucá revelando que o golpe era necessário para tirá-la do poder, se não a Lava Jato iria pegar todos do PMDB e do PSDB;
Você que não se manifestou quando Moreira Franco (que destruiu a educação do Rio de Janeiro ao acabar com o programa dos CIEPs e que sabe tudo de toda a propina do PMDB) foi indicado para ministro para ter foro privilegiado;
Você que acha que a morte Teori Zavascki foi um acidente e não acredita que esta elite mata, mesmo quando o áudio de Aécio Neves para o dono da FRIBOI explanou o modus operandi destes caras: “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação”;
Você que acreditava nas reformas e não queria ver que os deputados responsáveis pela reforma trabalhista respondiam processo por trabalho escravo e acumulavam bilhões em dívidas trabalhistas e que os responsáveis pela reforma da previdência são ligados aos bancos e aos programas de previdência privada;
Você que começou a multiplicar a ideia dos patrões que o país é atrasado porque tem o maior número de ações trabalhistas do mundo, não conseguiu perceber que só há ação porque uma das partes não cumpriu o que está na lei.
Você que até hoje não compreendeu bem o que é materialidade da prova;
Você que bateu panela;
Você que culpou o PT por sua empregada doméstica querer carteira assinada;
Você que chama trabalhador de vagabundo quando este faz greve e luta por direitos;
Você que agora quer votar no Bolsonaro achando que tudo irá mudar, mas não acompanhou a evolução patrimonial do deputado e ficará tristinho quando descobrir quem financia suas campanhas e da sua estreita ligação com a indústria das armas e da construção de presídios – lembrando que o sujeito prefere construir cadeia a escola -, e tomar ciência que o Pastor Everaldo (dono do PSC, partido de Bolsonaro) tem forte relação com Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima;
Você que embarcou e compartilhou a indignação do MBL e do Vem Pra Rua (movimentos financiados pelo PSDB e pelo PMDB) na Avenida Paulista, na Av. Atlântica e pelos bairros ricos do país;
Você que está acreditando na eficiência do João Dória em São Paulo, mas não acompanha as suas relações com o Panama Pappers, sonegação e com seus investimentos em deputados arregimentados com muitos recursos das empresas parceiras de sua candidatura e da atual gestão da prefeitura;
Você que tem orgulho do seu amiguinho que é pequeno empresário bem “sucedido” e que forjou suas conquistas corrompendo agentes da Light, CEDAE, prefeitura, entregadores de matéria prima, fiscais, mas se diz cansado de tanta corrupção;
Você que faz self com vereador que tem prazer em falar que veio de baixo e que hoje têm imóveis na Barra da Tijuca e em Miami, carros importados, e empresas que prestam serviços para a prefeitura;
Você que compartilhou memes e fofocas afirmando que a casa caiu e que a FRIBOI era do Lulinha, Filho do Lula, não percebeu que a empresa levantou muito dinheiro para campanha de Aécio;
Você que acredita que o Juiz Sergio Moro é herói e que teima em não ver que ele tinha tudo nas mãos sobre o Aécio, o PSDB, o Jucá, o Renan, o PMDB, Youssef há anos,...;
Você que não quis acreditar que o Ministério de Temer era formado por homens, brancos, ricos, com longa lista de corrupção e uma forte herança coronelista e escravocrata;
Você que acha que a Lava a Jato pretende ser isenta e não consegue notar o quanto ela é seletiva;
Você que comprou a ideia que deve ser vendidas todas as empresas públicas e estatais do Brasil que são importantes para a geração de parte de nossas riquezas;
Você que achou que a PEC que cortava gastos sociais era certa;
Você que, mesmo vendo tudo isso, desenvolveu um mecanismo psicológico contra o bolsa família, pobre, vermelho, homossexual, sem terra, sindicalista, história, sociologia e filosofia nas escolas, empregada doméstica com carteira assinada, índio, nordestino, pré-sal e Petrobras, trabalhador rural, escola ocupada por estudante, negro, médico cubano, cultura brasileira, conselhos de controle social, manifestante, que defende que bandido bom é bandido morto...
Você que vociferou contra a Dilma e o Lula e anda acabrunhado porque eles não foram presos... eu desejo os meus mais sinceros... ... ... EU TE DISSE, EU TE DISSE, EU TE DISSE!

Mas não desejo que você vá para Miami agora que sua ficha começou a cair. Te convido para irmos para as ruas e lutarmos sem medo por Eleições Diretas Já, para o executivo e o legislativo.
Não permita que um novo Golpe aconteça e que uma câmara dos deputados eivada de corrupção escolha o novo presidente.
Não acredite que o STF vá fazer a melhor escolha para o país, quando sabemos que esta instituição funciona como o balanço das ondas.
Lutemos por transparência pública, controle social, participação popular, tecnologias de acesso a informação, reforma política, inovação e tecnologia nas formas de participação política.

#foratermer          #diretasja       #reformapoliticacomparticipacaodasociedade      

Vamos para as ruas sem medo de lutar por Diretas Já!!!!!!!


















































quinta-feira, 27 de abril de 2017

Política da terra arrasada, pragmatismo e predação do Estado.


O cenário político nacional é amargo e está preso a dois problemas estruturais do país: o primeiro ligado diretamente aos efeitos da crise mundial que abateu a economia nacional , o que levou a uma profunda dificuldade de financiamento do Estado e de grandes investimentos do setor público nas áreas sociais; o segundo, está ligada a exposição dos vícios privados e públicos que se materializam em uma cultura da corrupção que passa por todas as instâncias da vida social no país e que ganha contornos catastróficos em meio a um cenário de crise estrutural.
Estes dois elementos permitiram e incentivaram o golpe de estado civil e parlamentar que, sob a égide de diversos interesses privados e de origem internacional reuniu argumentos institucionais e o capital social necessário ao impedimento da Presidenta Dilma Rousseff por parlamentares eivados por processos e com comprovada ficha criminal.


Após o golpe, o território da política nacional tornou-se terra arrasada, o que permitiu aos novos-velhos usurpadores e mandatários construir uma agenda política e econômica carregada de estratagemas com ações pragmáticas com objetivo de redesenhar o lugar da cidadania, do social e dos direitos.
O pragmatismo das ações passaram a dar sentido ao processo estratégico de encontrar um culpado para todos os males do país em um único partido e as operações com objetivo de plasmar as empresas públicas de problemas e deficiências com vistas a privatização passou a ser levada a cabo por políticos e gestores com pecados e interesses ainda maiores daqueles que foram arrebatados do poder. O cenário inicial do Governo Michel Temer, formado com uma cúpula de homens brancos e tarimbados pelos processos de corrupção, pela expertise de pedração do Estado e por membros representantes de grandes empresas do capital privado, era a demonstração clara que a inflexão abateria os interesses básicos da sociedade em decorrência da obscena disposição em levar a cabo reformas que atenderiam aos tão somente do empresariado em detrimento dos trabalhadores e de maior parte da sociedade.


A sanha de dilapidar o Estado encontrou dificuldades nos limites de capitais disponíveis a lógica de predação imediata e assim, os arquitetos políticos do processo de desmonte e expropriação do Estado brasileiro concentraram seus esforços em duas frentes: a primeira centrada na obediência a agenda neoliberal e aos desmonte das empresas públicas – sob os constrangedores argumentos do crescente prejuízo de empresas que tradicionalmente geravam lucros a nação; e o segundo, a diminuição dos direitos sociais com profundas mudanças na constituição cidadã de 1988 e a desregulamentação das leis trabalhistas com aprovação da terceirização, da flexibilização dos contratos, e a progressiva marcha sobre a seguridade social com impactos diretos em seus três principais eixos: a previdência social, a assistência social e a saúde pública.


O atual quadro de crise moral, política e econômica pelo qual passa a nação ganha contornos mais dramáticos no Rio de Janeiro, Estado que tem servido como laboratório de falcatruas e de todas as experiências possíveis de corrupção e que estende sua tecnologia de dilapidação da coisa pública para diversos órgãos e instituições em nível federal, estadual e municipal. No Rio de Janeiro, os mandatários corromperam o Tribunal de Contas do Estado, parte do Judiciário e leva sua tecnologia do crime para os municípios, empresas públicas e desenvolve direta associação com empresas privadas e o crime organizado.


Como efeito de tantas artimanhas praticadas pelos anos seguidos do ex-governador e operador de diferentes quadrilhas, Sérgio Cabral, e seu fiel escudeiro e atual governador, Luís Fernando Pezão, o estado fluminense está quebrado e com um deficit fiscal que supera a casa dos R$ 19 bilhões. A parceria dos governantes do Estado com o crime organizado, através de empresas de diferentes ramos, foi responsável pela montagem de esquemas de corrupção com superfaturamento de obras, projetos inacabados, desvio de verbas públicas, elisão, evasão e sonegação fiscal, além de incentivos fiscais a todo tipo de empreendimento, como joalherias e casas de massagens.
Como resultado de tantos atos ilícitos os salários dos servidores ativos e inativos do estado estão atrasados, foram sucateados e fechados diversos postos de saúde e unidades hospitalares, as instituições de ensino agonizam com falta de recursos e condições de desenvolver suas atividades pedagógicas de ensino, pesquisa e extensão, além de promover o completo desmantelamento da segurança pública e os sucessivos erros de uma política de segurança que tem promovido a conflagração de um cenário de guerra por todo o Estado.


O pragmatismo de nossos políticos não está ligado ao pragmatismo de Maquiavel e sua concepção de virtú do governante - como aquele que assegura a existência do Estado. A frase não dita por Maquiavel que “o fim justifica os meios” ganha contornos particulares e que se encaixam nas práticas de muitos políticos fluminenses e nos empresários que se aproveitam da coisa pública e penalizam o coletivo em função de seus interesses privados.

A sociedade bestializada com tantos desmandos têm dificuldade em reagir. No entanto, está mais do que na hora dos cidadãos começarem a se organizar entre familiares, amigos, grupos de estudo e pressão com o objetivo de controlar o poder público e dar uma nova moral ao pragmatismo neoliberal, tendo como objetivo regatar nossos valores éticos e nossa cidadania.

Artigo publicado no Jornal Imprensa em abril de 2017

O Serviço Social no Campo da Saúde

Aos meus amigos e amigas do Serviço Social, a UNISUAM está com uma ótima programação em relação a atuação do Serviço Social na área da Saúde.

As inscrições estão abertas!!!!

Em tempos de crise, período no qual as políticas públicas tornam-se ainda mais necessárias a sociedade em função do agravamento das contradições entre o capital e o trabalho, o serviço social acumula papéis fundamentais nos seus diversos campos de trabalho. Conhecer seus desafios, limites e perspectivas de atuação é importante não apenas para os profissionais da área, mas, também, para todos aqueles que atuam nas áreas sociais e de fortalecimento da cidadania.

I SEMANA DA SAÚDE 2017 - MESA-REDONDA: SISTEMATIZAÇÃO DA PRÁTICA DO SERVIÇO SOCIAL NO HOSPITAL GERAL DE NOVA IGUAÇU

I SEMANA DA SAÚDE 2017 - EXPOSIÇÃO DE CAMPOS DE ESTÁGIO

I SEMANA DA SAÚDE 2017 - EXPOSIÇÃO DE CAMPOS DE ESTÁGIO

http://aluno-ext.unisuam.edu.br/ambiente-extensao-aluno-atividades-oferecidas/detalhes-atividade/15312


segunda-feira, 3 de abril de 2017

Povo da Baixada sem Medo na Rua



Na Baixada Fluminense diversos coletivos estão se organizando e dando respostas ao rolo compressor do Governo Federal que vem arrancando diversos direitos, como o trabalho e a aposentadoria.


A nova lei da terceirização impõem graves derrotas aos trabalhadores e retira diversos direitos trabalhistas, o que em grandes impactos nas relações de contrato de trabalho. Já a reforma da previdência promove um grande retrocesso na política de seguridade social do país e sentencia a classe trabalhadora a exercer atividades laborais até o fim da vida.


 
Em meio há tantas mudanças constitucionais e derretas sofridas pelas classes mais baixas, jovens, coletivos culturais e novos movimentos sociais se organizam e articulam lutas e defesas de direitos. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, estes movimentos debatem o nacional e o local e apresentam propostas para o cenário de violência, corrupção e descaso com a sociedade.

Parabéns para os organizadores da Aula Pública: O povo quer se aposentar antes de morrer.

Baixada sem Medo e RUA - Juventude anticapitalista.

Ótima participação de Rose Cipriano, Wesley Teixeira e Marcelo Freixo.

A inquieta juventude da Baixada tem muito o que falar.


E Viva o Povo na Rua sem Medo!

quinta-feira, 9 de março de 2017

Transformação

Cada dia me deparo com um novo desafio, 
uma nova vida, 
um novo momento e um processo constante de transformação. 
O carro para, 
o avião passa, 
os rios sujos e a nevoa sobre a Baia da Guanabana não escondem a beleza das borboletas que voam, 
o desabrochar das flores nos canteiros do asfalto,
os caminhos que me levam a búzios e as estradas tortuosas da serra, 
a inesperada noite do Bistrô, 
a ingenua pergunta de um aluno, 
os olhos d´alma da querida companheira, 
o encanto dos flocos de algodão no céu, 
o transito caótico da Brasil, 
o novo projeto, 
a desavisada beleza que desfila na calçada, 
a conta no fim do mês, 
o contracheque, 
o tiro perdido na página do jornal, 
a criança de mãos ao ar, 
a greve, 
a poesia amorosa do português, 
o mergulho noturno de chopim, 
e o ritmo alucinado dos havaianos, 
o cinema... paradiso 
e a certeza do amor no sorriso de minha filha.  
Eduardo Prates

6 de Junho de 2011

Água é fonte de vida e muito dinheiro


Privatização da CEDAE I

A questão da água no mundo tem servido como pano de fundo para um crescente número de guerras e revoluções. Países, nações e povos que possuem mananciais de água têm sido atacados por guerras ou pela sanha de empresas multinacionais que querem o domínio das fontes, reservatórios e aquíferos. Privatizar e comercializar a água passou a ser o grande negócio do momento. 
Ao contrário dos avanços de perspectivas sociais, realizados em anos anteriores, na qual o acesso a água e ao saneamento básico eram colocados como desafios a serem enfrentados com vistas a garantia da água como um direito humano universal, a nova onda das privatizações que vem varrendo o mundo reconfigura a ideia de acesso e de direto a água como um dos direitos fundamentais à vida.
Fonte:www.saneamentobasico.com.br

A cidade de Duque de Caxias foi colocada no centro deste debate mundial sobre a água com a nova gestão que, iniciou suas atividades com a criação da Central de Água e Saneamento de Duque de Caxias – CASDUC. De acordo com as afirmações – no período eleitoral - do prefeito Washington Reis e da base de vereadores que o apoiara durante a campanha, a companhia municipal é o primeiro passo para o processo de privatização dos serviços de água do município, em que pese os acordos realizados com a CEDAE, e os compromissos assumidos pelas duas companhias em trabalharem em conjunto.

A questão da água é intrínseca ao do saneamento e, em Duque de Caxias, assim como toda a Região Metropolitana, o problema é cada dia maior e multiplica-se em função do crescimento desorganizado e desigual da metrópole. De acordo com o Instituto Trata Brasil, Duque de Caxias apresenta os maiores índices em relação ao número de pessoas internadas com diarreia e problemas decorrentes da falta de saneamento básico.

O problema é complexo e, diferentemente, das opiniões dos defensores da privatização – que tendem a concentrar suas atenções na água -, os especialista em engenharia sanitária descrevem que o saneamento básico corresponde a um sistema com diferentes serviços e ações que vão da infraestrutura e instalações dos processos de abastecimento de água, a montagem do sistema de coleta, o tratamento e destino final de esgotos sanitários (que compreende a rede coletora de esgotos, interceptores, estação elevatória de esgoto, estação de tratamento de esgoto, emissários, ligações domiciliares), além da limpeza urbana, da drenagem e manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais. Os desafios são muitos e os municípios da Região Metropolitana não conseguirão resolver sozinhos os problemas ligados ao saneamento básico.

Fonte:www.ecodebate.com.br
A crescente ameaça de privatização da CEDAE e o processo de municipalização d`água deverá provocar um grande retalhamento no sistema de águas metropolitano, o que impactará diretamente no preço do abastecimento de água, bem como da coleta do sistema sanitário de toda a região.

Em relação a Duque de Caxias, a questão do saneamento básico sofre com a divisão dos processos de captação e distribuição da água é do saneamento básico com a gestão do esgoto; o primeiro, ficando por conta da CEDAE, e o segundo, em tese, sob a responsabilidade do município.

Uma análise breve sobre o problema do acesso a água no município e a implementação de infraestrutura de saneamento revelam duas grandes contradições na nova tendência de privatização da água: a primeira, é que o município possui grandes fontes de água e um considerável manancial, com grande potencial de aproveitamento, mas que historicamente ficou à disposição do município do Rio de Janeiro e que agora tem sido destinado as empresas privadas que vem ocupando áreas estratégicas do município - como no bairro da Taquara, no quarto distrito onde se instalou a fábrica da Coca Cola. A segunda contradição, está ligada ao histórico de baixos investimentos do município em saneamento básico e a grande dependência das iniciativas federal, estadual e dos financiamentos internacionais em relação ao saneamento básico. Isto porque o sistema de saneamento em Duque de Caxias é fundamental para quase todos os municípios da Baixada Fluminense e impacta sobre mais da metade dos municípios da Região Metropolitana. Não há como o município fazer intervenções isoladas sem levar em consideração os efeitos sobre toda região.
Rua Paiva Couceiro, em Belford Roxo, tem esgoto a céu aberto

Em um cenários de recursos exíguos fica a dúvida sobre a capacidade do município em investir no sistema, o que levaria a abertura de concessões e modelos privados de prestação dos serviços. Estas questões são graves e tocam diretamente o direito ao acesso a água e ao saneamento. Se tomarmos como base o modelo de concessão e da prestação de serviços públicos dos transportes, o poder público não apenas irá negociar os mananciais de água da cidade, como, também, permitirá que o capital privado explore e superfature os preços do acesso a água como dos processos ligados ao saneamento. Tal como ocorre no sistema de transporte, a prefeitura tenderá a pagar ao invés de recolher recursos proveniente da exploração dos serviços de saneamento básico e, assim, deverá repassar a sociedade os custos, como no caso da taxa de iluminação pública que é pago nas contas da light, mas que não resulta em uma cidade mais iluminada e segura.

Os defensores do processo de privatização dos serviços de água tomam, comumente, os casos de Niterói e Petrópolis como exemplo, sem levar em consideração as particularidades dos dois municípios e a autonomia de seus sistemas. São gritantes as diferenças entre estas cidades e o caso de Duque de Caxias que é banhada pela Baia de Guanabara e tem considerável parte dos rios, canais, mangues e restingas, que cortam a Baixada Fluminense, localizadas em suas terras baixas. Por outro lado, a cidade imperial e a antiga capital do estado possuem estruturas de saneamento que foram montadas, ainda no meio do século passado distinguindo-se completamente da realidade dos municípios da Baixada e, em especial Duque de Caxias.

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Foto:  Estefan Radovicz / Agência O Dia
A questão que se coloca é: quem ganhará com o processo de privatização da água e do saneamento básico em Duque de Caxias e nos municípios da Região Metropolitana? O continuo crescimento da Metrópole garantirá a demanda por serviços frente ao expansão da mancha urbana no dinâmico processo de conurbação do território, mas será que a população terá igual contrapartida na qualidade dos serviços e na manutenção das tarifas sociais, já que são territórios marcados por um profundo quadro de pobreza urbana?

Em uma análise superficial dos crescentes e acalorados discursos em defesa do processo de privatização da CEDAE realizados pelos prefeitos e edis da Baixada Fluminense, podemos cair no erro de pensar que o desejo de venda da CEDAE está associado aos grupos empresariais locais e aos “tradicionais” prestadores de serviços públicos destas prefeituras. No entanto, o crescente interesse de empresas do porte da Coca Cola, Nestle, Braskem, entre outras, apontam para um processo de maior envergadura que coloca o município de Duque de Caxias no centro do debate sobre o direito ao acesso a água e os modelos de empresas municipais montados com objetivo de privatizar os recursos naturais.

Saneamento básico é um direito, porém, sob o domínio das empresas internacionais, pagaremos os mais caros preços por nossas fontes de água e a prestação dos serviços. É um dever das novas gestões convocar a sociedade civil para debater a questão do saneamento básico, pois, por este debate passa, também, os problemas ligados a falta de moradia, a ocupação urbana, as favelas e a regularização fundiária, bem como o plano diretor da cidade e, se de caráter democrático ou privatista.

Artigo Publicado no Jornal Imprensa em Janeiro de 2017. Nº 290

Orçamento da Cultura da Baixada Fluminense: fomento, produção, difusão e circulação da cultura na BF Levantamento, análise e relatório de in...