Mas... seguia a primeira turma de pedagogia da FEBF quando, a minha companheira da época, passou no processo de seleção do PIMBA. Fiz parte do primeiro processo de seleção deste núcleo de pesquisa, mesmo não estando ali tão próximo, mas na época ninguém sábia o que seria aquela ideia louca, muito menos o professor Manhard, que sempre muito sensível para a Baixada, percebia ali uma espécie de germe que daria enormes frutos. O Educador tinha ideias e, as vezes, dormia falando delas, mas elas se germinavam por pessoas e lugares.
quinta-feira, 28 de abril de 2016
O dia da Baixada: duas estagiárias e um idealista
Corria a virada dos anos noventa para dois mil quando
conheci o professor Paulo Manhard,
confesso que a primeira impressão foi muito engraçada, no meio das conversas
ele tirava uma leve cochilada.
Já tinha estado com ele em anos anteriores por conta do
movimento estudantil e do Instituto de Educação Roberto Silveira, que, também,
abrigava a faculdade de pedagogia da UERJ na Baixada. Esta história por si só é
uma longa história. Porém, estava morando ou frequentando a Vila São Luís
quando decidiram transformar um CIEP da Vila na faculdade de Educação da
Baixada Fluminense.
Para época foi mais que um reboliço, foi uma conquista e é
uma das mais importantes da Baixada. De novo confesso, que apesar de estar tão próximo
de tudo que via, ainda era muito envolvido com a UFRJ - que sempre foi uma espécie
de casa para mim, literalmente. Fui um alojado e, portanto, carrego os prazeres
e desprazeres de ter esta instituição em mim. Foram anos prazerosos de
aprendizagem e vida. E não via o quanto a UERJ ocupava, conforme a visão de
Darcy Ribeiro, a Baixada, a Região Metropolitana e interior do Rio de Janeiro.
Mas... seguia a primeira turma de pedagogia da FEBF quando, a minha companheira da época, passou no processo de seleção do PIMBA. Fiz parte do primeiro processo de seleção deste núcleo de pesquisa, mesmo não estando ali tão próximo, mas na época ninguém sábia o que seria aquela ideia louca, muito menos o professor Manhard, que sempre muito sensível para a Baixada, percebia ali uma espécie de germe que daria enormes frutos. O Educador tinha ideias e, as vezes, dormia falando delas, mas elas se germinavam por pessoas e lugares.
Digo que participei porque desde o processo de seleção até
entrar as primeiras duas estagiárias estava acompanhando de perto e, também, de
longe tudo que acontecia. E no linguajar popular, engoli barriga, para o turbilhão que é a Baixada nos dias atuais.
Na verdade, o professor Paulo, ao perceber que era possível aprovar uma linha de pesquisa e extensão, e
foi aprovado, começou a selecionar alunos que pertenceriam
ao PIMBA.
As duas que mais se destacaram na época foram a Tatiana Rodrigues e
Carla, que não lembro o sobrenome, mas era muito dedicada ao que fazia.
No entanto, as duas não tinham um envolvimento maior com os
movimentos da Baixada, a não ser pelo fato de serem da própria baixada - e isso, naquele momento no qual uma ideia nova era tão difícil de ser compreendida, já
era muito. E elas colaboraram no processo de seleção e, também, passaram na
seleção. Uma vez constituído o PIMBA e realizado todos os processos
administrativos e acadêmicos, o que fazer?
Era uma dúvida para elas e uma espécie
de certeza do professor.
Confesso, mais uma vez, que achava que o professor até
reconhecia que havia mais possibilidades, mas em sua tranquilidade e espírito
amigo, permitiu que as meninas dessem início a algo que seria não apenas novo, incerto, mas
fundamental para construção de uma nova história da expressão e educação nas periferias do país.
Tatiana um dia chegou em casa e me agradeceu pelas
informações que tinha dado, pois ela fazia parte do PIMBA. E a ideia fundamental
era construir uma espécie de grande rede do que havia na Baixada. Falei com
certo desconforto que não tinha feito nada, até porque, realmente, havia feito
muito pouco em comparação aos amigos e companheiros que já vinham em se posicionado em uma guerrilha pela Baixada.
Eu estava mais para o Rio e com o sonho da possibilidade de um filho de empregada doméstica ser um acadêmico. Belford Roxo, Nova Iguaçu e Caxias era meu mundo real, não via políticos, gestores e muitos movimentos com uma imagem legal. Prefeitos do amor e da morte estavam ligados ao mandonismo local.
Via, mas não tinha a
compreensão do que acontecia naquele momento. Muitos amigos resgatavam e reconstruíam histórias, cantavam músicas e sambas, ensaiavam peças, desejavam fazer filmes e realizavam.
Parte do que apontei para o primeiro encontro do Dia
da Baixada foi feito, mas elas descobriram muito mais.
Foi muito bonito quando as meninas da Baixada falaram das suas
descobertas e quantas pessoas estavam com a percepção de que as histórias, culturas, as gentes e seus conflitos e conquistas queriam falar. Havia um
cenário de ebulição e muitas mudanças ocorriam.
O balanço do evento foi dividido em dois momentos: o primeiro, com o professor
Paulo, que dormiu diante dos relatos das meninas – não porque desprezasse ou
quisesse, mas por uma contingência de saúde, - e percebeu que plantou a semente e outro na minha casa.
Lembro quando em meu 486 e na velha lexmark, fizemos o release do Dia da
Baixada. As meninas ligando, caçando, procurando e convocando as pessoas para o
evento que marcaria uma data especial para reconhecer o que estava sendo feito
por aqui.
A ingenuidade delas demonstrava claramente o quanto o
professor Paulo não queria situações viciosas e estava acreditando em pessoas
que podiam aprender a reconhecer o que éramos naquele momento.
Elas, por sua
vez, se defrontavam com seus conflitos e preconceitos, se viam como moradoras e
pessoas da Baixada. E era difícil admitir isso.
É importante falar que a Carla era uma jovem negra, muito
bonita, e queria ser modelo e que sonhava sempre em alçar lugares, pessoas,
para além do lugar que morava.
Tatiana - por sua vez - tinha uma formação, passionalidade e elegância
- se é possível conviver as duas coisas - que estava sempre para além da
Baixada e de todos os lugares.
Mas elas conseguiram. Foram atrás das pessoas, ligaram,
assumiam que eram estagiárias e não sabiam bem o que queriam, e construíram os
elos que o professor Paulo percebia que havia em tudo que era produzido
naqueles dias.
Eu, como de praxe, não pude viver todo o momento porque tinha
meus alunos e aulas para dar - naquela ocasião - no Rio. E senti profundamente
quando elas, em minha casa, comemoram cada pequena conquista em uma UERJ que
passava por muitas dificuldades: nde seria impresso os cartazes? Os contatos
seriam feitos por qual telefone? Os relatórios, as exigências, as disputas
internas de entregas de documentos nos prazos? Quem responderia pelas bolsas e
pelos pareceres? Como ficaria a futura eleição da gestão da Unidade de Educação?
Naquele tempo arquei com pequenos e satisfatórios custos e
percebi o quanto, para aquelas duas meninas foi importante ter a certeza
daquela realização.
O professor Paulo, naquele momento, amargava preocupações políticas
de tudo que era novo e queria ter à certeza que seus companheiros abraçariam a
Baixada, como ele.
Havia muitos sonhos, muitas perspectivas que estavam para
além da FEBF e que não estavam comprimidas ao cenário da Baixada.
A FEBF não era a consolidação da UERJ em Caxias. A FEBF
estava nascendo com um compromisso com o lugar, com o território, com as ideias
e tudo que somos nós.
Muitos companheiros de hoje passaram e estão por lá. O sonho
do professor Paulo e de muitas pessoas que passaram pelo Roberto Silveira e
pela Faculdade de Educação da Baixada Fluminense é vívido e tem transformado
vidas.
De fato, o Professor Paulo Manhard merece um reconhecimento como um educador
que sonhou em ver a educação se firmar por aqui, por nossos sertões que se levantam com o tempo.
quarta-feira, 20 de abril de 2016
Uma rosa para Dilma
A presidenta teve acertos e erros, como todos os seres humanos, mas sua honestidade é reconhecida por amigos e adversários como ímpar. Como liderança de um país ninguém quer contabilizar erros e o que se espera é o somatório dos acertos, mas o jogo político e econômico é marcado por altos e baixos e o que define sobre quem fica ou sai é a base que constrói ao longo do tempo. Se esta base política faltou a presidenta, não tem faltado manifestações de carinho e até gestos de quem está, aos poucos, recobrando uma certa lucidez.
Givaldo Barbosa / Agência O Globo |
Infelizmente os ativos eram podres e o que foi um dia à sustentação do governo virou um teatro de bizarrices com deputados traindo a presidenta em nome de Deus, dos filhos, dos netos e da família. Os interesses privados sobrepôs, mais uma vez, aos interesses públicos e o clientelismo e o voto de cabresto foi exposto como uma ferida aberta e fétida de nossa estrutura política alimentada por um congresso que reproduz vícios de cima para baixo e de baixo para cima.
Jornal de Brasilia.com.br |
Passado o calor do golpe midiático vejo crescer o número de pessoas que agora reconhecem o exagero da flagelação que fizeram com a senhora presidenta e cresce o número de cidadãos que a reconhecem como uma mulher digna e guerreira.
Queria está em Brasília é dividir o ato de carinho e consideração e dar-lhe uma rosa vermelha.
Vejo muitos amigos preocupados em amparar e dar força para esta presidenta que é um exemplo para muitos homens que não conseguem manter princípios éticos, como ela o faz.
Tenho a impressão que cresce um tipo de esperança saudosista no qual um número maior de pessoas que julgaram, xingaram, falaram mentiras, tiveram raiva e ódio, sem saber o que estavam fazendo, caiam em si sobre a violenta e brutal discórdia que alimentaram no país.
Ontem um professor amigo, que era a favor do golpe contra a Dilma falou-me:
"Prates acho que defendi uma causa errada.
O Eduardo Cunha quer se livrar da cassação e já mobilizou os deputados para conseguir um perdão para seus crimes e continuar como presidente do congresso.
O Temer está negociando o fim das investigação e vai trazer o Armínio Fraga, que defende o congelamento de salário do setor privado e público. Hoje vi que o programa do PMDB, Ponte para o Futuro, fala em muitos cortes para às áreas sociais e educação..."
Enquanto o meu colega falava, eu observava... Pareceria eu falando semana passada. Para ele a ficha caiu após o fim do lisérgico midiático. Para muitos, quando os "cortes na carne" começar a sangrar os limites do consumismo alimentado ao longo destes doze anos, talvez se coloquem na posição de negação ao que apoiaram.
Tenho esperança que muitos e muitos cidadãos comecem a retomar o estado de consciência mediano que molda o comportamento das sociedades.
A imprensa internacional se pergunta porquê do Golpe e faz escárnio da imagem do congresso nacional e se perguntam como o país entrou em tal estado de transe para deixar que criminosos com passagem pela polícia e outros respondendo a processos por corrupção afastaram uma presidenta sem qualquer prova ou justificativa plausível.
Analistas estão levantando os crimes dos parlamentares que falaram em nome de Deus e da honestidade. Alguns apontam que mais de 70% dos deputados que falaram SIM respondem por algum tipo de ato ilícito, em alguma das esferas da gestão pública (municipal, estadual e federal).
O levantamento está sendo realizado e, em breve, sairemos com o mapa dos desonestos que falaram em nome de um Brasil sem corrupção.
Por outro lado, a irresponsabilidade do chefe do congresso e a sanha pelo poder, o fez prender a pauta do governo. Não se vota nada e o país segue acumulando problemas. A fatura que será entregue à sociedade tem origem neste encilhamento em que a rapinagem do congresso colocou o governo.
O Senador Renan Calheiros e suas contradições pessoais, que agora sofre pressão de todos os lados, têm lastros de vestígios de pouca probidade arquivados pelo delinquente que preside o congresso. Calheiros segue em banho maria esta semana de feriado e sinaliza que entregará a cabeça da guerreira aos líderes dos partidos na semana que vem. Renan quer lavar as mãos e deixar para os senadores a decisão. Chamou o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski para garantir a legitimidade dos passos seguintes.
Os próximos passos serão suaves e, como o FUNK da moda, se mostram tranquilos e favoráveis para parte dos representantes do congresso ligados aos interesses da terceirização, da bancada da bala, dos transgênicos, dos grileiros e ruralistas e tantos outros que falam em nome de Deus, da FIESP, do empresariado que sonha com a quebra de leis trabalho, com o fim seguridade e de muitos direitos dos cidadãos. Segue a barca que conduzirá a destituição da presidenta e as altas faturas a serem pagas pela sociedade.
No entanto, ainda tenho esperança que os efeitos do chá lisérgico e midiático tomando por parte de nossa nação passe logo e que muitos recobrem a oblíqua consciência mediana.
Enquanto isso não ocorre, flores a Dilma.
Enquanto isso não ocorre, flores a Dilma.
Reflore-se para a Vida
A luta é grande e ocorre em diversas frentes. Este movimento é um dos mais bacanas que tenho participado.
O Reflore-se é um movimento que tem por objetivo recuperar áreas públicas de nossa cidade. As ações são pontuais e envolve outros movimentos e cidadãos em busca de um processo de transformação pessoal e de toda a sociedade.
Neste fim semana fizemos uma ação em Santa Cruz da Serra (Duque de Caxias), na rua do Carvão, esquina com a Automóvel Clube. Entrada do Barro Branco.
O Rio Lílico está morrendo.
Moradores informaram que há um deputado federal explorando a área também e que uma das indústrias dele na área já foi fechada, mas ele tem explorado a região.
Parte da água está sendo envazada em garrafas com diferentes marcas e galões de vinte litros.
Os caminhões pipas que saem da mata serve para atender parte do empresariado local e, também, prédios públicos. A população aponta para inúmeros crimes sendo realizados na região, mas que havia riscos de realizarem denúncias as autoridades locais porque é de reconhecimento público os problemas que existem ali.
O Reflore-se realizará novas ações com o objetivo de recuperar e revitalizar áreas públicas.
Venha Reflorescer você também.
Educação ambiental e preservação.
Recuperar áreas degradadas
Áreas pública não são lixão, mas podem ser praças e espaços de lazer e arte.
Revitalizar e chamar atenção para as áreas verdes. O Rio Lílico está sendo degradado e morto.
O esforço de cada um é o esforço de todos nós!
sábado, 16 de abril de 2016
Reflore-se para a vida
O momento é um dos mais desafiadores do país. Os impactos da decisão deste fim de semana será direto sobre os caminhos da nossa democracia. A disputa política está tão acirrada que tornou - se pauta internacional. E em meio a este processo de colocar às viceras do país expostas ao mundo, aqui em Duque de Caxias chamamos atenção para os compromissos que a cidadania nos impõe: chamar atenção para o processo de devastação da mata atlântica e das reservas florestais da Baixada Fluminense.
Venha Reflorestar à vida onde todos acreditam que só a violência e pobreza.
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