quinta-feira, 31 de março de 2016

"Me diz onde tem dinheiro?"





Recadinho do vovô Dornelles!
Fonte: jornal O Dia, 31.03.16


Ainda acamado, em função do vírus da zica, e afastado de minhas atividades como professor por conta de uma forte dor lombar, recebo em minha linha do tempo do Facebook está notícia com uma pergunta de uma amiga: "Eduardo Prates, onde está o dinheiro?

Fiquei impressionado com a sinceridade do senhor Francisco Dornelles, político mineiro, sobrinho do Ex-primeiro ministro Tancredo Neves, primo de Getúlio Vargas e Aécio Neves, e com uma larga experiência na vida pública brasileira, tendo passado por governos no período democrático, autoritário e com diversas eleições ganhas para deputado federal e senador. Destacando-se, recentemente, como Presidente do PP e da indicação de Paulo Roberto da Costa, estopim da CPI da Petrobras para assumir novas responsabilidades e contratos no cargo de diretoria a partir de 2007.

A forma como o político lança a pergunta é própria daqueles que entendem do que está fazendo. E como quem diz, “encontrado o barco à deriva e à própria sorte, quem dará um caminho ao trágico cenário? O governador veste o manto da raposa e há dois dias afirmava, mais uma vez, para uma jornalista em cadeia de tv aberta: Nunca vi uma situação financeira tão trágica’.


O esforço de se descolar do governo anterior é grande e os desdobramentos da crise econômica do Rio de Janeiro está estreitamente ligado a crise nacional. Parte das soluções das duas crises estão andando juntas. O PMDB do Rio de Janeiro tem uma grande importância nos rumos do governo nacional. Tanto para o bem, como para o mal. Parte das empresas listadas no Lava a Jato e dos políticos do governo e da oposição fazem parte dos principais problemas que levaram a crise econômica do Rio de Janeiro e a crise política nacional.



No entanto, a questão que urge na crise financeira do Rio de Janeiro é a do financiamento da máquina e do pagamento dos servidores, além da continuidade de serviços básicos. Quanto aos efeitos da crise política nos deteremos em um outro momento. Agora, o que importa é a “preocupação” do governador Dornelles.

O governador em exercício, em uma entrevista ao Jornal o Dia, faz a seguinte pergunta: "Me diz onde tem dinheiro?" O nosso esforço neste breve artigo e tentar ajudar o governador a ter uma direção para “fuçar” as contas públicas e conseguir recursos para pagar o funcionalismo em dia e manter os serviços de atendimento a sociedade.

Importante notar que o governo tem levado o problema para uma arena na qual os servidores têm sido apontados como o motivo da crise. Em certo sentido, a crise do Rio de Janeiro corre o risco de abrir precedentes quanto a demissão de concursados, adesão aos planos de aposentadorias programadas, diminuição de salários e ao aumento de contribuição previdenciária dos servidores do Estado do Rio de Janeiro.

Respondendo ao governador: o dinheiro está na renúncia fiscal da ordem de mais de R$ 138 bilhões de reais só em ICMS, beneficiando as mais diversas áreas como às de joalheria, prostituição e casas de massagens, energia, transporte, bebidas e automóveis. O beneplácito de Sérgio Cabral em relação aos principais grupos empresariais e a aquiescência de um secretariado proeminente em realizar os mais criativos desvios de recursos públicos me impede de detalhar todas as pastas que poderiam resultar em recursos para o governo do Estado, mas destaca as áreas de saúde e transporte.

Chamamos atenção que às renúncias não foram apenas no passado recente. Com às renúncias aprovadas paras os anos de 2016, 2017 e 2018, este rombo e a sangria será ainda muito maior. Este valor excede ao do Orçamento do Estado deste ano fiscal, que está em torno de R$ 80 bilhões.



A proposital falta de planejamento e o atendimento aos interesses particulares levou o Estado a contrair dívidas, enquanto fazia renúncias para atender aos diferentes setores empresariais. Por outro lado, a ampliação da rede de UPAs e de hospitais foi realizada sem o menor critério de atendimento da população e se ampliava conforme a conveniência dos políticos e prefeitos do Estado do Rio de Janeiro.

Orientado pelo secretário de saúde Sérgio Côrtes, que respondia por diversos processos e denúncias criminais, além de ações por improbidade administrativa pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, a saúde do Estado tornou-se uma grande Caixa-Preta, com a contratação de empresas terceirizadas e Organizações Sociais; além da abertura de diversos hospitais de traumatologia que estavam para além das necessidades do Estado Fluminense, mas que revelava um dos aspectos mais intrigantes da relação entre o administrador Sérgio Côrtes (exímio apreciador de obras de artes e detentor de uma acervo invejável) e às suas atividades de representante de diversas empresas de próteses francesas e norte-americanas, com a compra de milhares de próteses que não chegaram a ser usadas (#‎cpidasaudedoriodejaneiro). Um último ponto importante é que as OS apresentam volumes brutos orçamentários sem o detalhamento de despesas.

No entanto, os erros do governo não ficaram por aí e devem ser avaliados de forma cada vez mais profunda para acharmos o caminho dos recursos necessários ao pagamento dos funcionários do Rio de Janeiro.

Os supercontratos do governo do estado e sua técnica de duplicar, triplicar jornadas de contratados, de funcionários fantasmas e serviços não realizados é um dos pontos que o governo terá que rever para conseguir novos recursos, já que, mesmo com a crise, esta prática ainda persiste no estado.

No entanto, além da saúde, o governo do estado tem mais duas caixas-pretas que deveriam ser abertas para se conseguir recolher recursos para o pagamento dos salários dos servidores e a continuidade das atividades básicas da população:  os contratos da SUPERVIA, Da CCR BARCAS e das demais prestadoras de serviços de transportes urbanos - jorraria dinheiro daí em abundância para os cofres públicos. O setor de transporte é um dos mais beneficiados no Estado do Rio de Janeiro e além de receber os mais diversos tipos de incentivos, isenção fiscal e financiamento de compra de ônibus, composições de trem, metro e barcas, faz a sua própria vigilância e controle. Os principais órgãos de controle destes serviços estão nas mãos dos representantes da FETRANSPOR. Este setor é um dos que mais abocanha os recursos do Estado e daí sai significativo montante que deveria ser investido em Educação, Segurança e Assistência.

Por fim, o DETRAN. Esta entidade virou uma das maiores caixas-pretas e lugar onde corre dinheiro vivo entre as autarquias e instituições do Estado do Rio de Janeiro. Os postos e coordenações locais são disputados a bala e hierarquicamente define quem recolhe mais recursos para as campanhas dos governantes e políticos locais. Lugar de diferentes e, cada vez mais sofisticadas, formas de fraudes, o dinheiro vivo sangra todos os dias pelas diversas máfias que atuam na estrutura do Rio de Janeiro.

Recursos existem e muitos, mesmo com a crise, já que contratos duplos, superestimados e benefícios de isenções fiscais continuam a vigorar no Estado do Rio de Janeiro. Os servidores e a luta dos professores devem desvendar os mistérios das caixas-pretas dos recursos do Estado do Rio de Janeiro. Existe uma crise que é real, como são reais as incertezas de milhares de profissionais que não sabem como pagarão as contas de amanhã.

Um outro desafio é a dívida do tesouro do Estado do Rio de Janeiro, que está chegando a níveis preocupantes. Por outro lado, o mais curioso da crise fluminense e que o funcionalismo representa menos de vinte por cento da folha de pagamento do Estado. A crise não deveria ter o efeito que está provocando. Os cintos dos servidores estão ficando mais apertados do que dos empresários. Alguém não quer baixar as taxas de ganhos com o atual governo e o prejuízo deve ser repassado para os servidores.

Espero ter ajudado apontando as fontes de recursos. E mostrando que a questão não é eminentemente técnica ou econômica, mas política.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Que noite longa. Toda a família com Zica. Coça coça que não para.


"As autoridades dormem
A população se coça
O mosquito é acossado
A vida política está como nódulo
A televisão destrói os cérebros aos caroços
Garotos negros são mortos em Caxias e Madureira
A população branca se cansa de pedir licença aos pontos pretos da sala de embarque
Minha filha pede para coçar as pernas, as costas
E o PMDB deixa o governo com o caroço, sem vergonha
Vice, presidente do congresso e do senado na lista do Lava a Jato
Meu filho coça as costas do papai
O jornalista feroz, indômito condena a presidenta
Geni... a presidenta é a Geni...
A zica não para.
A médica pergunta a minha mulher se está grávida.
Não... Não... Não...
Viro adolescente e imagino ser pai aos dezesseis de uma criança com microcefalia...
Minha filha pergunta se irei ao trabalho
Digo que sim
E a família e os filhos?
Curiosidade nos olhos e voz séria.
Vai pai? Pergunta a pequena.
Completa: o mais importante é a família
As mãos dormentes, juntas doendo, é zica????
Chinkungunha...
Não sei.
Imaginei o trator sobre a presidente. Se fosse outro já teria entregue o cargo.
Não é dengue. Não se entregue. Bolivariana. Sandinista. Zumbi, Lamarca… resistência da VAR-Palmares
Os bandeirantes querem pôr fim aos 15 de experiência de Palmares
A delação promete a cabeça da presidenta.
A UPP vai acabar. Meu plano é particular.
Meus alunos, muitos alunos, vão a UPA e a UPP
Em breve não terão mais saúde, segurança e as escolas, só particulares
Guerrilha. Guerra. A cada 10 mortos no mundo, 1 é no Brasil.
Garantimos a medalha de ouro do extermínio
Legados da Copa
De madrugada o corpo coçando e a mente latejando
Ligo a TV e vejo o deputado religioso falando do negro viado
Na cabeça dele todos são safados
No google vi as votações do político moralista

votou contra aumento de salário,
a favor de semente geneticamente modificada,
a favor de extermínio de índio e diminuição de reservas,
a favor de extermínio de sem terra e fim da distribuição de terras,
a favor de desapropriação de sem teto e aumento da favela,
a favor da legalização das armas e do comércio da morte,
contra o pré-sal nacional,
contra genérico e quebra de patente de remédio de interesse geral,
Com a Bíblia como sustento do discurso, o deputado rouba a atenção no seu púlpito
Deus cuida. Abandona o povo à própria sorte.

Coça gente, como coça e a mente fervilha

Vejo a aclamação do PMDB
O ministério do novo governo sendo montado
Chicago Boys recuperados
O Armínio Fraga anuncia que está chegando com soluções progressistas para um novo estado liberalista
Será reimplantado a economia ortodoxa do pau durão com seus jargões: jogo duro, bater forte, paulada na inflação, chá amargo, reformas profundas, medidas de austeridade, aperta que sai sangue.
Foda no cu da Creuza, Dilma caiu, sente agora José, Maria, João, Clara…
A dor não é mais na epiderme
Corta a carne do brasileiro que sentirá saudades da infeliz Zica
As medidas agora serão selvagens, está no poder os Armínios, Barros, Malans...
Acaba com bolsa família, crédito educação e diminui o consumo de água e pão
Sucateia universidade pública, abandona hospital, regula o social e soga a sobrevivência no mercado
Libera dinheiro vivo e legal para os empresários
Desregulamenta o trabalho. Adeus direitos...
Vende Petrobras e Furnas a preço de banana
Libera canais de TV e Rádios para todos os votos contados
Limita o uso da internet, aumenta o valor do pacote de dados e na TV, aberta, cresce o número de programas e músicas importados.
Dançou... Wesley Safadão, editais de cultura e o audiovisual nacional

Vejo minhas costas no espelho, cresce assustadoramente o número de pontos vermelhos
Não aguento, coço sem parar
O remédio começa a fazer efeito
Antialérgico que me dá sono
Fico imaginando se ao acordar ainda terei o meu corpo a coçar?
Pensei na Dilma e se ela pode tomar um antialérgico e dormir, descansar?
Geni não pode dormir, após a festa ela é condenada pelo prazer que deu. Foi feita para apanhar.

Aí se o mundo fosse mais ateu?
Talvez eu não visse o moço forte, a menina bonita dançando na paulista uma coreografia de academia
Pensei se estes garotos não foram picados pela praga do Egito e a microcefalia se agravou por estes dias
Dormi… e depois de um breve descanso...

A cocereira aumentou, cresceu, se espalhou com o nervosismo… meu corpo todo empelotado enquanto o Dorneles - que chegou com os barcos de D. João VI na política brasileira - avisa que meu salário de professor do Estado será atrasado, dividido, fracionado,…
Professor manda mensagem no zap… Prates, spray de pimenta para dispersar a manifestação
Professor toma porrada para garantir o futuro da nação

Meus filhos pedem café com leite
Com as mãos dormentes, corpo coçando, com sono e atormentado pelo cenário político, a TV malogra, a internet cansada, sigo em direção a cozinha, alma de uma casa, e vejo meus labradores.
Sorrio e vejo seus olhos marejados me olhando acanhados, querendo brincar, aleios a tudo e todos, com falta de carinho do pai, dou-lhes comida e um breve carinho.

A coceira não pará e, por um minuto, esqueço, olho a obra do pedreiro que esteve em minha casa.
Pedreiro, costureiro, ladrilheiro, peixeiro, operário, trabalhador…
Lembrei do dia que conheci o pedreiro que, com uma garrafa de heineken na mão, proferiu sua assertiva: meu patrão e contra a Dilma. Se ele é contra, sou a favor.

Nunca vi meu patrão querer perder. Me explora, esquece de pagar meus direitos, faz cara de simbora quando meus direitos quero ver.
Chama todo mundo de preguiço,
compra fiscal,
enganha no fisco,
me manda fazer gato na luz e tem bomba d´água de sucção…
deixa toda rua sem água e chama o Lula de ladrão.

Que coisa chata é a Zica, coceira crônica igual à corrupção que chegou aqui com Cabral.

O Pedreiro falou mal de Juiz, tocou no judiciário e disse que toga preta e roupa da moda de filho de deputado, juiz e advogado.
Que perdeu à sentença do trabalho e que, por coincidência, o sobrenome do juiz era o mesmo que do patrão.

Que zica… corporativismo do judiciário, quero ver o salário dos juízes e a quebra de sigilo de suas contas e ligações.

Pensei nas ruas... o golpe tem apoio da FIESP, FIRJAN, GLOBO, ITAÚ, BRADESCO, FECOMERCIO... de todos os patrões.
Se eles reclamam de excesso de direitos, impostos, garantias, regulamentações… branda contra o povo pobre que é lento, feio, mau educado, faxineiro, ladrão, cara de pau, bolsista do Lula e da Dilma, degenerado, tem que se fuder e não pode viajar de avião.
Vai a pé!!!!!!!
Paraíba
Mineiro
Baiano, vai de pau de arara.

Coceira que não para. Pau de arara. Pau de arara.
Mata...
Mata…
Pega o sujeito de vermelho e põem no pau de arara.

Em tempos de zica, inflação, pau durão, delação, traição, corrupção,.. o direito de cada dia se aproxima da sombra do pau de arara."


Eduardo Prates

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